Descrição

Mattie, Etta Mae, Kiswana, Ciel, Cora Lee, Lorraine e Theresa são as protagonistas deste romance-mosaico formado por sete histórias interconectadas. Todas são negras e residem na Brewster Place, uma rua fechada de uma cidade dos Estados Unidos onde fica um conjunto habitacional que já viveu dias melhores. As mulheres da Brewster Place foi o livro de estreia e também a obra mais conhecida de Gloria Naylor (1950-2016), autora que permaneceu inédita no Brasil até esta edição. Lançada em 1982, a obra conquistou o National Book Award de Primeira Ficção no ano seguinte. A tradução é de Camila Von Holdefer e o posfácio, da escritora e professora Bianca Santana.

Brewster Place nasceu de uma transação corrupta entre um vereador e um dono de imobiliária. Abrigou gerações de moradores – trabalhadores, imigrantes –, que assim que podiam deixavam o local. O romance começa quando o conjunto habitacional começa a receber moradores que, por mais que tentem, não conseguem sair de lá. São majoritariamente negros, vindos de outras regiões dos Estados Unidos, por total falta de opção. Acabam formando uma comunidade, separada do restante da cidade depois que uma das extremidades da rua foi murada. Ali, brotam relações de amizade e também atitudes mesquinhas, mas principalmente laços de família – nem sempre pacíficos. “As pessoas tinham a própria linguagem, a própria música e os próprios códigos”, descreve a autora.

As sete histórias que compõem o romance expõem a diversidade das experiências de vida das mulheres negras daquela comunidade. Contam a jornada solitária de uma jovem que engravida de um homem que não ama, enfrenta a hostilidade do pai e uma vida dura ao lado do filho; a chegada de uma cantora de jazz que “não só não estava disposta a jogar conforme as regras, como também desafiava, com seu espírito, o próprio direito de o jogo existir”; o orgulho de uma ativista dos direitos civis que desafia o espírito de acomodação ao seu redor; a maré de acontecimentos infelizes no dia a dia de uma mãe solteira com um marido agressivo e uma filha travessa; a vida de uma mulher que, desde as bonecas da infância, dedica-se à maternidade; por fim, os preconceitos enfrentados por um casal de lésbicas. Circulando entre elas está Ben, um simpático beberrão que atua como zelador e faz-tudo da vizinhança.

Subvertendo estereótipos e o costume de igualar vozes e experiências das mulheres negras, Naylor cria um retrato autêntico e vibrante dessas “filhas da Brewster Place” que “eram duras na queda e tinham coração mole, faziam exigências brutais e eram fáceis de agradar”.

As mulheres da Brewster Place saiu no mesmo ano de outro monumento da literatura norte-americana, A cor púrpura, de Alice Walker, e as duas autoras receberam, em 1983, o prestigiado National Book Award, tornando-se assim as primeiras autoras negras a ganhar o prêmio. Em 1989, As mulheres da Brewster Place deu origem a uma minissérie estrelada por Oprah Winfrey e, em 2007, a um espetáculo musical que percorreu várias cidades dos EUA.

“Por mais que Gloria não explicite, a desumana travessia do tráfico transatlântico está em cada uma das [suas] histórias, assim como a brutal violência da escravização, a constante discriminação e as violações de direitos decorrentes do racismo”, escreve Bianca Santana, no posfácio da edição. No texto, a autora de Quando me descobri negra cria paralelos entre a obra de Gloria Naylor e da brasileira Conceição Evaristo. “Gloria Naylor – peço perdão pelo anacronismo e também pela ampliação territorial do Brasil para a diáspora – produziu a escrevivência em As mulheres da Brewster Place.”


SOBRE A EDIÇÃO   

A edição da CARAMBAIA, lançada pelo Selo Ilimitada, tem projeto gráfico da Casa 36, e traz na capa a reprodução da tela Elenice, de Ana Paula Sirino. A pintura faz parte de uma série na qual a artista, nascida na região do quilombo do Torra, em Minas Gerais, baseou-se em antigas fotografias para “reproduzir paisagens e cenas que despertam familiaridade e nostalgia e contribuem para a permanência da memória de quem vive ou viveu em contexto de aquilombamento ou afastado dos grandes centros”. A edição é encadernada em capa dura e também está disponível na versão e-book.

Autor(a)

Gloria Naylor nasceu em Nova York e, ainda criança, escrevia copiosamente, registrando em vários cadernos suas observações, contos e poemas. Entre os estudos básicos – quando mergulhou na literatura inglesa do século XIX – e os cursos superiores, a futura escritora passou sete anos atuando como missionária da igreja Testemunhas de Jeová, religião transmitida a ela pela mãe. Ao fim desse período, estudou literatura em língua inglesa no Brooklyn College da City University de Nova York e estudos afro-americanos na Yale University. Em sua época de estudante universitária, Naylor se interessou por escritoras negras como Zora Neale Hurston, Alice Walker e Toni Morrison.

Depois do sucesso de seu primeiro romance, Naylor publicou, em 1985, Linden Hills, que toma de empréstimo a estrutura e os temas do Inferno de Dante Alighieri e aborda o materialismo dos negros em processo de ascensão social. Três anos depois saiu Mama Day, inspirado em lendas do povo negro e em A tempestade, de William Shakespeare. Os últimos livros publicados pela escritora foram Baileys’s Cafe (1992), The Men of Brewster Place (1999), que retoma a locação de seu romance de estreia, e 1996 (2005). Naylor morreu aos 66 anos durante uma visita às Ilhas Virgens Americanas.

Ficha Técnica

Informação Adicional

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Dimensão (cm) 21,2 x 13,6 x 2
Peso (g) 420
Ano de Publicação 2023
Número de Páginas 248
Encadernação e Acabamento Capa dura laminada
ISBN 978-65-5461-046-9
Escritor(a) Gloria Naylor
Tradutor(a) Camila Von Holdefer
Ensaísta(s) Bianca Santana
Designer Casa 36
Ilustrador(a)
Idioma Original Inglês
tradutor ensaio

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