Descrição

Nos dias de hoje o nome Goncourt é mais conhecido quando se fala do prêmio literário mais importante da França ou de uma rua e de uma estação de metrô de Paris. Todos eles homenageiam os irmãos Edmond (1822-1896) e Jules (1830-1870) de Goncourt, inseparáveis na vida e na literatura, autores de vários romances, dramas teatrais e estudos históricos, hoje pouco lidos ou encenados, e presença quase infalível nos círculos literários parisienses na segunda metade do século XIX. 

Foi na qualidade de observadores e participantes do mundo das letras que se originou a obra-prima dos Goncourt, Diário  Memórias da vida literáriaEsta edição traz uma seleção dos melhores trechos da obra, com tradução, organização, notas e introdução de Jorge Bastos. O Diário, assim como toda obra dos irmãos, foi escrito em conjunto até a morte de Jules, vitimado pela sífilis. “É a nossa confissão de cada noite”, afirma Edmond no prefácioPor tristeza e solidão, Edmond chegou a pensar em interrompê-lo, mas retomou a escrita por considerar que ambos formavam “um único eu”, de personalidades diferentes, mas com a mesma visão do mundo. 

“Nosso esforço foi o de tentar levar nossos contemporâneos à posteridade”, informa Edmond. Um esforço muito bem-sucedido, como o passar do tempo mostrou. ADiário comparecem, em retratos muitas vezes íntimos, os representantes de uma das épocas mais férteis da história da literatura: Gustave Flaubert, Victor Hugo, Théophile Gautier, Alexandre Dumas pai e filho, Charles Baudelaire, Émile Zola, Guy de Maupassant, Alphonse Daudet e Stéphane Mallarmé, além do russo Ivan Turguêniev, para citar alguns dos mais conhecidos. Estão presentes ainda figuras de outras áreas, como pintor Edgar Degas e o neurologista Jean-Martin Charcot, mestre de Sigmund Freud. Eles surgem à vontade e com a língua solta em jantares no restaurante Magny e encontros na casa da princesa Mathilde, prima do imperador Napoleão III, alternadamente presidente e imperador da França.  

Como testemunhas privilegiadas, os irmãos Goncourt fornecem uma inestimável crônica das discussões estéticas e literárias, da vida mundana de Paris, dos hábitos e princípios da intelectualidade da época, dos prostíbulos e bordéis, da chocante misoginia e da visão da elite sobre os acontecimentos políticos de uma época de revoluções e descobertas – o fonógrafo, a fotografia instantânea e a máquina de escrever provocam espanto e encantamento nos autores.   

Nove volumes dos diários foram publicados em vida por Edmond, que pretendeu divulgar apenas as “verdades agradáveis”. Mesmo assim, amigos dos Goncourt protestaram contra menções a seus nomes que julgaram ofensivas. A fofoca e a maledicência encontram terreno fértil nas anotações do Diário, como ficou mais do que evidente quando elas vieram a público na íntegra, 50 anos depois da morte de Edmond, por determinação testamentária. Flaubert, um dos amigos mais frequentes na casa dos irmãos, “tem um espírito grosseirão e empastado, como o corpo”. Para eles, “falta charme à sua expansividade bovina”. Sobre Victor Hugo, os Goncourt dizem que “tem ambição de se dizer pensador” mas o que mais lhe falta é pensamento. Nem o Todo-Poderoso escapa das opiniões demolidoras dos irmãos: “As estações do ano são tão mal adaptadas e é tão descompassado tudo que ficou a cargo da Providência que, se Deus fosse um rei constitucional, nunca haveria de montar um ministério que se sustentasse”.   

Vários trechos do Diário são pura diversão, como nas anedotas sobre personagens da intelectualidade francesa. Uma delas descreve o filósofo Auguste Comte, pai do positivismo, racional e ateu, fugindo de um cemitério com medo de fantasma. Mas há também a presença da agonia e da morte, a começar pela depauperação de Jules e, conforme o tempo avançapela despedida de muitos dos amigos célebres dos irmãosFrequentemente esnobes e amarguradas, as anotações dos Goncourt voltam repetidamente à repercussão de suas obras, ora ignoradas, ora demolidas pelos críticos. No entanto, eles continuam produzindo copiosamente, convictos de que são artistas excepcionais e revolucionários, atribuindo a si mesmos a criação do naturalismo na literaturaOs críticos podem falar à vontade de Zola, mas não podem negar que meu irmão e eu tenhamos sido os são João Batista da sensibilidade moderna”, afirma Edmond.  


SOBRE A EDIÇÃO 

Compilando os melhores trechos das 4.500 páginas que constituem a versão original do Diário, esta seleção vem acompanhada de um prefácio, escrito por Jorge Bastos, além de textos introdutórios a cada ano do Diário, indicando os principais fatos daquele período, tanto na vida dos Goncourt como no contexto literário, artístico e político da época. Ao final do volume, um índice onomástico relaciona os principais autores citados.    

O projeto gráfico desta edição, feito por Vitor Carvalho, faz alusão a elementos da atmosfera parisiense do século XIX, com as estruturas metálicas e os grandes espaços de convivência criados pela reforma urbana do barão de Haussmann. Nas páginas do Diárioo texto foi estruturado de forma a ressaltar a formatação singular das anotações de um diário, diferenciando as passagens escritas pelos irmãos Goncourt das intervenções do organizador. Essas vozes distintas foram codificadas pelo uso das cores. A fonte tipográfica do texto é a Antwerp, projetada por Henrik Kubel, e, para compor os títulos, a SangBleu Empire, projetada por Ian Party.  

O livro tem encadernação em capa dura, revestida com papel especial, colorido na massa, e traz gravações em hot-stamping, e acompanha marcador. A edição tem tiragem limitada a 1.000 exemplares, todos numerados a mão, e está disponível também em versão digital. 

Autor(a)

Os irmãos Goncourt nasceram – Edmond em Nancy e Jules em Paris – numa família aristocrata. Dedicaram-se às letras como a um sacerdócio. Não se casaram nem tiveram filhos e moravam na mesma casa, onde, eventualmente, compartilhavam a mesma amante. Combinaram a paixão  pela literatura – sempre ameaçada de censura por seu conteúdo considerado escandaloso – com um profundo interesse pela arte, sobretudo as gravuras japonesas, das quais eram colecionadores. Entre suas muitas obras de ficção, algumas ainda suscitam algum interesse, como os romances Germinie Lacerteux, escrito por ambos, e La fille Élise, por Edmond. A fortuna da família foi destinada à criação da Academia Goncourt, com o objetivo de estimular a atividade literária, em contraposição à tradicional Academia Francesa. A Academia Goncourt concede anualmente, desde 1903, o prêmio que leva seu nome. A avenida Goncourt foi assim nomeada enquanto Edmond estava vivo.  

Ficha Técnica

Informação Adicional

PDF primeiras páginas Clique aqui para visualizar
Dimensão (cm) 18 x 11 x 2,8
Peso (g) 418
Ano de Publicação 2021
Número de Páginas 432
Encadernação e Acabamento Capa dura com hot-stamping
ISBN 978-65-86398-31-1
Escritor(a) Edmond de Goncourt, Jules de Goncourt
Tradutor(a) Jorge Bastos
Ensaísta(s) Jorge Bastos
Designer Vitor Carvalho
Ilustrador(a)
Idioma Original Francês
tradutor ensaio

Saiu na Imprensa

"Foram escritores, mas acima de tudo personagens culturais."
José Godoy, Rádio CBN, 13/07/2021.

"A edição que saiu há pouco, 'Diário: Memórias da Vida Literária', é preciosa. Jorge Bastos, o organizador e tradutor, fez uma seleta melhor que o original desmesurado."
Mário Sergio Conti, Folha de S.Paulo, 16/07/2021.

"Com ouvidos atentos e a pena afiada, os Goncourt tomavam notas do que observavam no Magny e no Le Brébant —redutos da boemia literária— ou nos salões da princesa Mathilde Bonaparte. São ótimos retratistas. Não espanta que tenham iniciado a carreira como pintores."
Felipe Charbel, Folha de S.Paulo, 08/08/2021.

"Em 'Diário: memórias da vida literária', fofocas do métier das letras e frivolidades aristocráticas dão um toque bem-humorado a uma narrativa que ilumina a compreensão do leitor contemporâneo acerca da gênese da Academia Goncourt e do prêmio concedido anualmente desde 1903, hoje a mais importante distinção literária para títulos em língua francesa."
Eduardo Simões, Revista 451, 28/07/2021.

"A editora Carambaia publica no Brasil 'Diário - memórias da vida literária', dos irmãos Goncourt, que cobre de 1860 a 1896, em uma França de política complicada e invejável vida cultural. Em 1855, havia 50 jornais dedicados às artes plásticas, ao teatro, à literatura e aos mexericos."
Norma Couri, Valor Econômico, 29/08/2021.

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