Descrição

Conhecido mundialmente como um mestre do romance, Eça de Queiroz (1845-1900) atuou em outros gêneros, entre eles a crônica jornalística. Parte de sua colaboração em periódicos trata de assuntos internacionais, valendo-se do conhecimento do escritor como diplomata. Ecos do mundo traz uma seleção desses textos, organizada pelo escritor, tradutor e editor Rodrigo Lacerda, que assina também a apresentação do volume. Os artigos se alternam entre observações espirituosas de costumes, análises detalhadas do xadrez geopolítico da época, reflexões sobre tendências intelectuais e artísticas em Londres e Paris e narrações que beiram a escrita ficcional.

O Brasil ocupa a primeira parte de Ecos do mundo – título inspirado na coluna “Ecos de Paris”, publicada no jornal carioca Gazeta de Notícias, periódico em que se deu a mais longa colaboração jornalística de Eça (1880 a 1897). Em nove crônicas, fica evidente que o escritor via o Brasil com simpatia, sobretudo quando comparado a Portugal. Na provocadora crônica “O brasileiro”, que se refere aos portugueses que vêm morar no Brasil e retornam, Eça é taxativo: “Nós somos o germe, eles são o fruto: é como se a espiga se risse da semente. Pelo contrário! O brasileiro é bem mais respeitável, porque é completo, atingiu o seu pleno desenvolvimento; nós permanecemos rudimentares”.

Isso não quer dizer que o Brasil e os brasileiros sejam poupados da célebre ironia de Eça. Uma crônica descreve a confusa figura de D. Pedro II viajando pela Europa, sem saber se é imperador ou cientista – e sem convencer em nenhum dos papéis. Outra narrativa descreve e comenta o pandemônio provocado por estudantes durante a passagem da diva dos palcos Sarah Bernhardt pelo Rio de Janeiro.

Nas demais partes do livro, estão reunidos artigos não só sobre os lugares em que Eça morou, Inglaterra e França, mas também sobre a Itália, a Turquia, a China, a Tailândia e outros países, a maioria deles enredados em conflitos internos e externos. Eça escreve sobre alterações radicais no tabuleiro internacional, como a unificação da Itália e o desmoronamento do Império Otomano. Ao apresentar a seleção, Rodrigo Lacerda afirma que “o mundo em que Eça de Queiroz escrevia era ao mesmo tempo muito diferente e muito parecido com o nosso”. Se por um lado o autor discorre sobre o fim de diversas monarquias, também vislumbra as forças emergentes dos Estados Unidos e da China.

De seus postos de observação na segunda metade do “século escrevinhador”, quando os jovens “sofrem dessa posição ínfima e zoológica a que a ciência reduziu o homem”, Eça desenha um panorama que se estende para o passado e o futuro. Numa crônica sobre o esmaecimento da importância política e histórica da Revolução Francesa, lembra que na sua infância os eventos de 1789 ainda pareciam muito próximos na memória coletiva. E em “A perseguição dos judeus”, relata o preâmbulo dos acontecimentos dramáticos na Alemanha do século XX.


Sobre a edição

O projeto gráfico de Ecos do mundo, de Mayumi Okuyama, se inspira nas implicações da palavra “eco” e se estrutura na ideia de pontes e ligações, relacionadas à reunião de textos de diversas publicações que apontam para o passado e o futuro. Encadernado em capa dura, o volume traz o título serigrafado e repetido, como um eco, em seis camadas de tinta.

Autor(a)

José Maria de Eça de Queiroz (1845-1900) nasceu em Póvoa do Varzim, norte de Portugal, de pais que não eram casados – só o fariam quatro anos depois. Essa situação, escandalosa para a época, talvez tenha contribuído para a visão profundamente crítica à moral da classe média portuguesa que o escritor imprimiu à sua obra. Eça ingressou aos 16 anos na Universidade de Coimbra, de onde saiu formado em Direito. Nesse período reuniu-se a outros jovens literatos, como Antero de Quental, que formaram o grupo conhecido como a Geração 70. Mudou-se para Lisboa, seguindo uma carreira de jornalista que continuaria em Évora e em sua volta para a capital. Em folhetins e na poesia, havia até então sido um adepto do Romantismo. Contudo, na volta a Lisboa, tomou parte no grupo de intelectuais conhecido como “O Cenáculo”. Sob a influência do escritor Gustave Flaubert e do teórico anarquista Pierre-Joseph Proudhon, aderiu ao Realismo.

Em 1870, publicou, em parceria com Ramalho Ortigão, o romance O mistério da estrada de Sintra. No mesmo ano ingressou na carreira diplomática e, dois anos depois, assumiu o posto de cônsul em Havana – seguida por cidades europeias. Em 1895, sob a influência do Naturalismo, publicou o romance O crime do padre Amaro, que provocou protestos da Igreja e de setores da sociedade. Três anos depois, O primo Basílio teve recepção semelhante, apesar do sucesso de vendas. Em 1888 saiu Os Maias, romance considerado sua obra-prima. Parte da extensa obra do escritor, como o romance A cidade e as serras, veio à luz postumamente. Eça, que deixou quatro filhos, morreu em Paris, de tuberculose.

Ficha Técnica

Informação Adicional

PDF primeiras páginas Clique aqui para visualizar
Dimensão (cm) 16 x 22,5 x 3,2
Peso (g) 735
Ano de Publicação 2019
Número de Páginas 448
Encadernação e Acabamento Capa dura com serigrafia
ISBN 978-85-69002-61-1
Escritor(a) Eça de Queiroz
Tradutor(a)
Ensaísta(s) Rodrigo Lacerda
Designer Mayumi Okuyama
Ilustrador(a)
Idioma Original Português
tradutor ensaio

Saiu na Imprensa

"Coleção com um precioso material, não apenas pela qualidade de suas palavras, mas principalmente pela raridade: nunca […] as crônicas de Eça, especialmente as que analisam a política internacional do final do século 19, foram reunidas em um volume. “Todos conhecem o Eça pensador da sociedade, da política e da mentalidade portuguesas”, observa o escritor Rodrigo Lacerda na apresentação de Ecos do Mundo, do qual também é organizador."
Ubiratan Brasil, Estadão, 09/09/2019 

"No século XIX, Eça de Queiroz já sabia da potência que a China seria. O documento é parte da produção jornalística de Eça de Queiroz. O mais bacana é perceber a diversidade dos registros que o autor fez na imprensa."
José Godoy, Rádio CBN, 10/09/2019

"No livro que agora está sendo lançado pela Carambaia, intitulado Ecos do mundo, podemos perceber claramente o quanto o trabalho diplomático de Eça contribuiu para que se tornasse o grande articulista que glosou, com fina inteligência e implacável deboche, os principais acontecimentos do último quartel do século 19 em diferentes lugares do mundo."
Lourenço Cazarré, Correio Braziliense, 21/09/2019 

São invariavelmente textos brilhantes, nos quais a urgência jornalística vem mesclada a uma notável aptidão para a análise das forças históricas em movimento. […] O grande mérito da edição agora lançada pela Carambaia é reunir, em um único volume, com excelente texto introdutório, oportunas notas explicativas e criteriosa separação temática, os melhores artigos de Eça sobre a cena internacional nas últimas décadas do século 19."
Marcelo O. Dantas, Folha de S.Paulo29/12/2019 

Talvez você se interesse por estes produtos

Formas de Pagamento

formas de pagamento

Livro Acessível

Selos de Segurança

selo segurança - site seguro

Aguarde...

ou
ou