Descrição

O Golem, do austríaco Gustav Meyrink (1868-1932), obra-prima da literatura fantástica, entusiasmou autores como H. P. Lovecraft e Jorge Luís Borges ao retratar a vida de um bairro em Praga, cenário de uma série de acontecimentos aparentemente inexplicáveis. Lançado em 1915, o livro fez um sucesso estrondoso, vendendo 250 mil exemplares na época. Publicado em diversos países e fonte de inspiração para filmes, óperas e peças de teatro, o romance ganha nova tradução, direta do original alemão, por Petê Rissatti e posfácio de Luiz S. Krausz, escritor e professor de Literatura da Universidade de São Paulo.

O Golem é uma criatura antropomórfica do folclore judaico, feita por mãos humanas a partir do barro. Como informa Krausz no posfácio, a lenda tem raízes no Talmude e está presente em tratados de filósofos judeus da Idade Média. Entretanto, o Golem conhecido fora dos círculos religiosos foi o personagem gigantesco que teria sido criado em Praga pelo rabino cabalista Yehuda Löw (1525-1609) para defender a comunidade judaica de ataques antissemitas. O rabino lhe dava vida ao inserir na boca um papel com a palavra hebraica emet (verdade). Segundo a lenda que atraiu o interesse de escritores românticos tardios no século XIX, esse personagem gigantesco foi criado em Praga por um rabino para defender a comunidade judaica de ataques antissemitas, mas teria se voltado contra o criador.

É o Golem de Praga que dá título ao romance do austríaco Meyrink, publicado em 1915. Sua presença direta na trama é uma entre numerosas referências a tradições místicas e ocultistas, mas tem grande importância simbólica. É uma espécie de força irracional e destruidora que paira sobre as intrincadas vivências do personagem central, Athanasius Pernath, mestre joalheiro cujo passado é obscuro até para ele mesmo. Pernath vive no Bairro Judeu de Praga, onde se passa a maior parte da história. Um dos aspectos mais impressionantes do texto de Meyrink é a descrição desse ambiente lúgubre, de pouca luz natural, onde as construções angulosas parecem se amontoar, povoadas de figuras estranhas que habitam suas vielas, corredores, escadas e passagens ocultas.

Entre essas figuras há personagens assombrosos: um sinistro vendedor de ferro-velho, uma esquálida prostituta adolescente, um surdo-mudo que recorta silhuetas em papel, um sábio versado no conhecimento religioso e sua filha encantadora, um marionetista e um jovem estudante com missão de vingança. Pernath se envolve em questões essenciais da vida desses personagens enquanto persegue uma busca da própria identidade por meio de indagações espirituais. Toda a narrativa é atravessada pelo tema do duplo, e os estudos do inconsciente, então em andamento por Sigmund Freud, encontram-se refletidos na fluidez narrativa de O Golem, em que realidade, sonho e alucinação convivem sem limites precisos.

Em 1920, o cineasta Paul Wegener anunciou seu terceiro filme sobre o Golem como uma adaptação do livro de Meyrink, embora as semelhanças fossem vagas. A obra, codirigida por Carl Boese, tornou-se um dos marcos do cinema expressionista alemão. Outros filmes, peças de teatro e óperas se basearam na lenda do Golem, inspirados ou não no romance de Meyrink, entre eles um dos mais brilhantes poemas de Borges, intitulado O Golem – o poeta dizia ser um de seus preferidos. 

Autor(a)

Nascido em Viena em 1868, Gustav Meyrink (1868-1932) era filho ilegítimo de um barão e ministro de Estado. Seu sobrenome de batismo, Meyer, vem da mãe, a atriz Maria Meyer. Aos 15 anos, mudou-se com a mãe para Praga, onde viveu por vinte anos. Ainda muito jovem fundou um banco com um sócio. Aos 24 anos, teria ocorrido um episódio que o próprio Meyrink narrou no conto "O piloto". Ele se encontrava em seu quarto, a ponto de cometer suicídio com um tiro na cabeça, quando passou por baixo da porta uma publicação intitulada Vida após a morte. Além de fazê-lo desistir do suicídio, a leitura do texto teria provocado seu interesse pelo ocultismo e pelas religiões orientais, cultivado até a morte. Meyrink foi um praticante dedicado de ioga e membro da Sociedade Teosófica de Helena Blavatsky.

Em 1902, o escritor foi preso por dois meses e meio sob acusação de fraude no banco, que estaria administrando sob orientação de "forças espirituais". Enquanto publicava contos caracterizados pelo olhar satírico e o antimilitarismo, atuou como tradutor e editor. O Golem saiu em 1913 em forma seriada na revista Die Weissen Blätter. Quando publicado em livro, o sucesso foi estrondoso, com 250 mil cópias vendidas. Sua produção a partir daí foi igualmente bem recebida, em especial o romance O rosto verde. Meyrink morreu em 1932, seis meses depois que seu filho, paraplégico por causa de um acidente de esqui, se suicidou.

Ficha Técnica

Informação Adicional

PDF primeiras páginas N/A
Dimensão (cm)
Peso (g)
Ano de Publicação 2020
Número de Páginas
Encadernação e Acabamento
ISBN 978-65-86398-18-2
Escritor(a) Gustav Meyrink
Tradutor(a) Petê Rissatti
Ensaísta(s) Luis S. Krausz
Designer
Ilustrador(a)
Idioma Original Alemão
tradutor ensaio

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