Descrição
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O testamento de um excêntrico, publicado em 1899, foi um dos últimos romances escritos por Jules Verne (1828-1905). Nele, o escritor que se tornou célebre no mundo todo por suas viagens extraordinárias cria uma história que se passa inteiramente nos Estados Unidos e traça um panorama detalhado do país e de suas diversas regiões no final do século XIX.
William J. Hypperbone, o excêntrico do título, é um milionário de Chicago que não tem herdeiros e resolve deixar sua fortuna estimada em 60 milhões de dólares para aquele que, entre seis concorrentes escolhidos por sorteio, chegar antes ao final de um jogo de tabuleiro.
A competição, cujas regras fazem parte das disposições testamentárias do defunto, baseia-se no modelo do Nobre Jogo do Ganso, no qual os jogadores se movem sobre um tabuleiro de acordo com o número obtido no lance dos dados. Na versão Hypperbone do jogo, cada casa do tabuleiro representa um estado americano. Assim, conforme os dados são lançados, os participantes se deslocam, de trem, a pé ou a cavalo, de barco ou de bicicleta, para os quatro cantos do país. Precisam enfrentar uma série de obstáculos, idas e vindas, até o primeiro alcançar a 63ª casa do tabuleiro, correspondente ao estado de Illinois. Durante o périplo dos personagens, o autor aproveita para descrever as paisagens, dar informações sobre as cidades e regiões visitadas pelos jogadores.
Nos últimos anos, O testamento de um excêntrico, fruto de uma fase madura de Verne, vem sendo redescoberto pela crítica na França. Menos conhecido que seus outros romances, ele foi incluído na célebre Bibliothèque de la Pléiade em 2016, e avaliado como a obra mais moderna do autor, que teria inspirado escritores como Raymond Queneau, Julio Cortázar e Georges Pérec, que retomaram a ideia do jogo em suas obras. O livro, traduzido por Mauro Baladi e Regina Schöpke, autora também do posfácio, é publicado pela primeira vez no Brasil.
Autor(a)
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Jules Verne (1828-1905) foi um escritor, poeta e dramaturgo francês, autor de mais de 60 romances ao longo de 42 anos. A partir de Cinco semanas num balão, que saiu em 1863 e obteve sucesso imediato entre os leitores, o autor lançou-se em uma empreitada literária monumental, reunida, na maior parte, na coleção Viagens Extraordinárias. Com o objetivo de, em suas palavras, “dissecar a Terra, e não somente a Terra, mas o Universo”, Verne transportou seus leitores para o fundo do mar (Vinte mil léguas submarinas, 1870), as profundezas do planeta (Viagem ao centro da Terra, 1864), o espaço (Da Terra à Lua, 1865), a floresta amazônica (A jangada, 1881) e ao redor da Terra (Volta ao mundo em 80 dias, 1873). Em sua obra, destacam-se também os romances de ficção científica, nos quais antecipou uma série de invenções, da televisão ao helicóptero.
Ficha Técnica
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Informação Adicional
PDF primeiras páginas Dimensão (cm) Peso (g) Ano de Publicação 2021 Número de Páginas Encadernação e Acabamento ISBN 978-65-86398-37-3 Escritor(a) Jules Verne Tradutor(a) Mauro Baladi Ensaísta(s) Regina Schöpke Designer Ilustrador(a) Idioma Original Francês tradutor ensaio Saiu na Imprensa
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"Para o francês provinciano da belle époque, quando Hollywood ainda não existia, "O Testamento de um Excêntrico" equivalia a um caudaloso guia turístico protocinemático de um país que, pressentia-se, sabia-se, era a imagem do futuro. Para o leitor contemporâneo, porém, certa consternação é inevitável. Com o livro, descobre-se, sem querer, como a história esmaeceu esse retrato da vibrante juventude dos Estados Unidos."
Alcino Leite Neto, Folha de S.Paulo, 20/12/2018
"É ao mesmo tempo uma descrição detalhada da vida nos EUA na virada do século 19 para o 20 e uma análise do caráter do americano médio feita por um autor reverente às conquistas do país, mas extremamente crítico ao espírito competitivo dos seus cidadãos."
Antonio Gonçalves Filho, Estadão, 16/09/2017
"Paradoxalmente, Verne eleva o realismo literário a um patamar tão exageradamente detalhista que o faz desaguar no fantástico. Precursor de H.G. Wells, a quem sempre foi muito comparado, Verne prosava sobre invenções “possíveis, de algum modo proféticas”, de acordo com Jorge Luis Borges, ávido leitor de ambos, que considerava os engenhos de Wells 'impossíveis'."
André Cáceres, Estadão, 16/01/2017