Descrição

Censurado pelo regime comunista e com o passaporte confiscado, um escritor é obrigado a se empregar como gari nas ruas de Praga. Com esse ponto de partida, Ivan Klíma constrói Amor e lixo, em tradução direta do tcheco por Aleksandar Jovanović. Completa o volume uma longa entrevista concedida pelo autor ao americano Philip Roth em 1990, com tradução de Paulo Henriques Britto.  

Não sem boa dose de melancolia, o narrador anônimo do romance evoca a razão de ter começado a dar seus primeiros passos na literatura, aos 18 anos: “O sofrimento decorrente de uma vida privada de liberdade parecia-me o mais importante de todos os temas a respeito dos quais cabia refletir e escrever.” Como seu personagem, Klíma, que completou 90 anos em 2021, viveu mais de duas décadas sem poder publicar – desde o silenciamento da Primavera de Praga pela ocupação soviética, em 1968, até a Revolução de Veludo, que encerrou o regime de partido único, em 1989. O escritor não chegou a recorrer à profissão de gari, mas trabalhou durante alguns dias na varrição de ruas como preparação para escrever o romance. 

O livro se inicia no primeiro dia de trabalho, quando o protagonista conhece o grupo excêntrico de pessoas com quem compartilhará o ofício e mesas de bar. Como tarefa paralela, ele está às voltas com um ensaio sobre Franz Kafka que não terá chances de publicar tão cedo. Sua vida sentimental vive um impasse, dividindo-se entre a esposa, uma médica humanista com quem tem dois filhos, e a amante, uma temperamental escultora casada. Além disso, seu pai agoniza num hospital.  

A narrativa se desenvolve no formato de uma colagem reflexiva – os dias de trabalho e amor são entremeados por alguns sonhos, lembranças de infância e muitas reflexões sobre Kafka, seu gênio, sua integridade artística e seus fracassos amorosos.  

Escrito entre 1983 e 1986, Amor e lixo foi publicado em 1990, logo depois da queda do comunismo no Leste Europeu e foi o mais bem recebido dos livros de Klíma, vendendo 100 mil exemplares da primeira edição. Não há nada de ultrapassado em sua essência. Além de tratar de temas atemporais, o romance aborda questões das mais atuais, como o conflito Leste-Oeste, a ameaça das armas nucleares, o acúmulo de lixo intratável e até o derretimento das calotas polares. 

No panorama da literatura tcheca, Klíma pertence a uma geração excepcional. Foi contemporâneo e companheiro de luta política dos dois escritores tchecos mais conhecidos internacionalmente, Milan Kundera e Václav Havel, que se tornou o primeiro presidente pós-comunista do país. A Revolução de Veludo significou um triunfo para esse grupo de intelectuais. “Quase ninguém continuava a se identificar com um regime que tantas vezes havia humilhado, enganado e roubado as pessoas”, diz Klíma na entrevista a Philip Roth.  

Klíma escreveu contos, romances, peças de teatro e roteiros de filmes de animação. Sua autobiografia em dois volumes, Meus anos loucos, ganhou o prêmio literário mais importante da Tchecoslováquia, o Magnesia Litera.  

Amor e lixo sai pelo selo Ilimitada, voltado para títulos de escritores que ainda não caíram em domínio público e podem ser reimpressos de acordo com a demanda. A capa é de Kevelyn Oliveira.

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SOBRE A EDIÇÃO   

O volume faz parte da coleção Ilimitada, voltada para autores que ainda não caíram em domínio público e tem tiragem de acordo com a demanda. A capa da edição da CARAMBAIA é de Kevelyn Oliveira.

Autor(a)

Ivan Klíma (1931) era criança quando a Tchecoslováquia foi invadida pela Alemanha, em 1938. Sua família não era religiosa, mas, por terem ascendência judaica, Klíma, sua mãe e seu irmão foram levados, em 1941, para o campo de concentração de Terezín, onde ficaria até 1945, quando o Exército Vermelho libertou a Tchecoslováquia da ocupação nazista. Em entrevista a Philip Roth publicada neste volume, Klíma disse: “Todo aquele que passou por um campo de concentração na infância — que já foi totalmente dependente de um poder externo que a qualquer momento pode entrar e espancá-lo, matá-lo, a ele e a todos que o cercam — provavelmente vive o resto da vida de um modo ao menos um pouco diferente das pessoas que foram poupadas desse tipo de formação. A vida é frágil como um barbante.” 

Além da experiência em Terezín, Klíma vivenciou outro grande evento histórico do século XX, quando seu país caiu sob o controle soviético. Ele foi membro do Partido Comunista da Tchecoslováquia até a Primavera de Praga. Ao contrário de outros artistas tchecos dissidentes, que deixaram o país, Klíma quis continuar a morar ali, embora tivesse a escolha de se exilar, já que se encontrava em viagem aos Estados Unidos no momento do esmagamento das manifestações pró-democracia. A partir de então, suas obras passaram a circular apenas em samizdats (publicações clandestinas) e vieram situações amargas, como a prisão de seu pai por motivos políticos. Durante esse período, alguns dos livros de Klíma foram publicados apenas no exterior, algumas vezes na língua original.  

Ficha Técnica

Informação Adicional

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Dimensão (cm) 15 x 23,8 x 2
Peso (g) 488
Ano de Publicação 2022
Número de Páginas 256
Encadernação e Acabamento Capa dura com laminação e corte pintado
ISBN 978-65-86398-71-7
Escritor(a) Ivan Klíma
Tradutor(a) Aleksandar Jovanović
Ensaísta(s) Philip Roth
Designer Kevelyn Oliveira
Ilustrador(a) Kevelyn Oliveira (ilustração da capa)
Idioma Original Tcheco
tradutor ensaio Paulo Henriques Brito

Saiu na Imprensa

"Romance tcheco sobre escritor censurado durante o regime comunista, escrito nos anos 80, faz denúncia social e antecipa alertas"
Luis Campagnoli, Revista 451, 22/10/2022

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