Descrição
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“Ano”, na definição do Diabo, é um “período de 365 decepções”. “Autoestima”, uma “avaliação equivocada”. “Noiva”, “uma mulher com uma ótima perspectiva de felicidade em seu passado”. Já “noivo”, aquele “equipado com uma tornozeleira onde prender a corrente e a bola”. O próprio “dicionário”, de acordo com a definição presente nesta edição, é um “maligno instrumento literário para limitar o crescimento de um idioma e torná-lo duro e inelástico”. Assim se constitui esse compêndio de verbetes, com definições satíricas e ácidas, publicadas ao longo de décadas pelo escritor e jornalista norte-americano Ambrose Bierce (1842-1914) em jornais humorísticos e políticos nos Estados Unidos.
Em 1911, uma seleção dessas tiradas foi publicada em livro, que se tornou um clássico no seu país de origem. É esta a versão que constitui a edição de Dicionário do Diabo, a primeira em português que traz o texto integral.
A visão cínica e irônica, algumas vezes misântropa e nada politicamente correta do autor, sobretudo em relação à sociedade e à cultura dos Estados Unidos de seu tempo, rendeu notoriedade ao dicionário, que figura na célebre edição das cem maiores obras-primas da literatura americana elaborada em 1976 pelo American Revolution Bicentennial Administration.
Muitos dos verbetes são acompanhados por poemas e citações, adotados por Bierce para contar histórias, ilustrar definições e fazer diversas provocações a seus contemporâneos.
Sobre a edição
O livro foi traduzido por Rogerio W. Galindo, que assina também o prefácio, no qual apresenta a obra e a trajetória de Bierce ao leitor brasileiro. O projeto gráfico é de Paula Tinoco e Roderico Souza, do Estúdio Campo. O volume, em capa dura, foi encadernado com um revestimento que simula couro, com texto gravado em hot-stamping vermelho. Dessa forma, a peça remete a um dicionário tradicional, mas também a um livro antigo e sagrado, uma espécie de Bíblia, mas ao contrário.
Autor(a)
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Ambrose Bierce (1842-1914) nasceu em Ohio e, aos 15 anos, começou a trabalhar em um jornal local, como aprendiz de impressor. Aos 19, alistou-se no Exército e participou da Guerra de Secessão, do lado dos Unionistas. Dispensado após ter sido atingido por uma bala na cabeça, começou a escrever para a imprensa de São Francisco. Ao longo de sua carreira, publicou diversos livros de ficção, poesia, sátira, histórias de crimes e terror, contos sobre a Guerra Civil Americana, ensaios e livros-reportagem, tanto nos Estados Unidos como na Inglaterra. Aos 71 anos, partiu para o México, aparentemente para acompanhar Pancho Villa na Revolução Mexicana, e desapareceu. Não se sabe como ou onde morreu, acredita-se que em 1914. O mistério inspirou o romancista mexicano Carlos Fuentes no livro Gringo viejo, adaptado para o cinema em 1898, com Gregory Peck interpretando Bierce.
Ficha Técnica
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Informação Adicional
PDF primeiras páginas Clique aqui para visualizar Dimensão (cm) 13,5 x 19 x 3,2 Peso (g) 410 Ano de Publicação 2017 Número de Páginas 304 Encadernação e Acabamento Capa dura com hot-stamping ISBN 978-85-69002-20-8 Escritor(a) Ambrose Bierce Tradutor(a) Rogerio W. Galindo Ensaísta(s) Rogerio W. Galindo Designer Estúdio Campo Ilustrador(a) Idioma Original Inglês tradutor ensaio Saiu na Imprensa
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"São poucos os escritores que conquistaram notoriedade fazendo escárnio a respeito do ser humano. E poucos são tão celebrados quanto Ambrose Bierce (1842-1914), norte-americano de vida atribulada, o que não o impediu de insistir na provocação ou, mais justo, o compeliu a ela, insistentemente. Seu livro mais citado é 'Dicionário do diabo', editado pela primeira vez na íntegra no Brasil, em edição da Carambaia, que inclui os poemas que complementam seus ácidos verbetes."
Pablo Pires, Portal Uai, 03/03/2017"Mesmo com tal peso na literatura de horror, um de seus trabalhos mais populares segue sendo este "Dicionário do Diabo", que reúne definições e verbetes escritos ao longo de 25 anos, boa parte deles publicada em jornais. Cínico, no entanto, é uma palavra que vem à mente do leitor com alguma regularidade ao longo da leitura divertida desse "dicionário", cujo humor é baseado exatamente em um profundo descrédito diante do ser humano e de suas instituições."
Marina Della Valle, Valor Econômico, 20/01/2017"Bierce publicou os aforismos no jornal em que trabalhava, enriquecendo cada entrada com trechos de poesias ilustrativas. E ao final, por volta de 1911, tendo percorrido verbetes de A a Z, lançou o livro “Dicionário do diabo”, hoje um clássico da literatura americana de humor."
Mariana Filgueiras, O Globo, 06/01/2017"'O 'Dicionário' é, no fundo, um libelo contra a soberba humana, contra as nossas pretensões. A religião é criticada antes de mais nada por sua pretensão a tudo saber. Os políticos, por sua pretensão à infalibilidade. Os norte-americanos, por sua pretensão a serem superiores aos demais", constata, no prefácio, Rogerio W. Galindo, também responsável pela tradução do volume."
Rodrigo Casarin, Blog Página Cinco, 05/01/2017"Como definiu o crítico inglês Tom Hodgkinson, o livro escrito um século antes do 'politicamente correto' é “um bem-vindo antídoto para esses livros de autoajuda simplista sobre pensamento positivo e como melhorar sua vida, que geralmente têm o efeito oposto”.
Sandro Moser, Gazeta do Povo, 02/01/2017"Muitos dos verbetes são acompanhados por poemas e citações, adotados por Bierce para contar histórias, ilustrar definições e fazer diversas provocações a seus contemporâneos."
Milton Ribeiro, Guia 21, 20/12/2016