Descrição

Único romance escrito por Edgar Allan Poe (1809-1849), A narrativa de Arthur Gordon Pym provocou reações entusiasmadas de outros escritores ao longo dos anos. Entre os admiradores que se debruçaram sobre o relato macabro engendrado por Poe estão Henry James, H. P. Lovecraft, H. G. Wells e Jorge Luis Borges, que o considerava a melhor obra do autor americano. Jules Verne escreveu uma sequência (A esfinge dos gelos) e Charles Baudelaire traduziu o texto de Poe para o francês. Além disso, é dado como certo que Herman Melville se inspirou em Arthur Gordon Pym para criar Moby Dick.

Não é difícil entender esse fascínio. A narrativa de Arthur Gordon Pym está à altura da atmosfera sinistra dos melhores contos de Poe e da precisão de seus poemas. A história se apresenta como se tivesse sido contada a Poe por um homem preservado sob o pseudônimo Arthur Gordon Pym. O texto da narrativa procura verossimilhança nos menores detalhes, como ao descrever a engenharia do navio ou ao precisar as coordenadas de localização no oceano.

Pym é um jovem com espírito aventureiro que embarca como clandestino no baleeiro Grampus, que parte da costa leste dos Estados Unidos rumo aos mares do Sul. Seu melhor amigo é filho do capitão do navio. Proibido de viajar por sua família, Pym se esconde num compartimento sob o convés para só aparecer em alto-mar, quando seria impossível devolvê-lo à terra firme. A permanência no esconderijo se prolonga e transforma-se num pesadelo, enquanto acima de sua cabeça irrompe um motim. Os dois amigos se unem a um amotinado arrependido e partem para a retomada do controle do navio – o que envolve uma artimanha para se aproveitar da superstição da tripulação rebelde.

Num crescendo de terror, o destino de Pym será uma sequência de tragédias e passagens insólitas envolvendo tempestades destruidoras, canibalismo e um navio fantasma. Recolhido por um barco de caça a focas no mar da costa da África do Sul, Pym participa de uma expedição à Antártida. No caminho começa uma nova aventura, digna de As viagens de Gulliver. O enredo se encaminha para um desenlace espetacular.

Poe começou a escrever A narrativa de Arthur Gordon Pym depois de ouvir de um editor que o público leitor preferia os textos longos aos contos, especialidade do escritor. Ele acertou com a chefia da revista onde trabalhava, Southern Literary Messenger, a publicação seriada dos capítulos do romance. A série foi interrompida quando a revista o demitiu, ao que tudo indica por causa de seus excessos alcoólicos. Meses se passaram até que Poe, pressionado por dificuldades financeiras, terminou o romance. O livro saiu em julho de 1838 pela editora Harper & Brothers.


SOBRE A EDIÇÃO   

Com tradução de José Marcos Mariani de Macedo e posfácio do escritor e especialista em literatura de horror Oscar Nestarez, o livro tem projeto gráfico de Cristina Gu e foi especialmente ilustrado pela artista Elisa Carareto, em pinturas em tinta acrílica e ponta-seca sobre papel.

A partir dos relatos do personagem Gordon Pym, a artista desenvolveu uma espécie de inventário de estados de espírito alterados. As figuras enigmáticas parecem estar retidas na página e vistas de muito perto, revelando imagens de incidentes, descobertas, labirintos, devaneios, criaturas sinistras e sentimentos ameaçadores. Capa e quarta capa simbolizam o início e o fim da jornada marítima e das memórias do narrador, formando um jogo espelhado entre cabeça-barco e barco-cabeça. A paleta cromática é inspirada no código internacional de sinalização marítima e composta pelas tonalidades de vermelho e amarelo da bandeira que anuncia o alerta de “homens ao mar”.

As tipografias usadas foram a Capitaine, para o texto corrido, desenhada por Göran Söderström (2018), e a Inglesa, de Alejandro Paul (2020), nos títulos.

 

 

Autor(a)

Edgar Allan Poe nasceu em Boston, filho de um casal de atores. Ficou órfão aos 2 anos, sendo adotado pelo padrinho e sua esposa, que o levaram a passar parte da infância na Inglaterra e na Escócia. O vício em jogo o fez interromper o curso na Universidade de Virginia, aos 17 anos. Poe começou então a publicar poemas, sem muita repercussão. Mergulhado na pobreza, obteve do pai adotivo uma indicação para a academia militar de West Point, de onde foi expulso por excesso de faltas.

Em Nova York o escritor conseguiu publicar um volume de poemas que já continha algumas de suas obras-primas. Os contos também começaram a ganhar atenção do público, enquanto Poe mudava de cidades atraído por empregos: foi primeiro para Baltimore e depois para Richmond, onde foi contratado pela Southern Literary Messenger. Aos 26 anos, Poe se casou com a prima Virginia Clemm, que tinha 13 anos.

Embora recebida com reservas na época de seu lançamento, A narrativa de Arthur Gordon Pym marcou, por sua repercussão, a virada no prestígio de Poe como escritor. Em 1839 ele se tornou coeditor da Burton’s Gentleman’s Magazine na Filadélfia. O contrato previa a publicação de um conto por mês e foi nesse período que Poe publicou obras-primas do terror como William Wilson e A queda da casa de Usher. Ainda em 1839, saiu a primeira coletânea de contos em livro, Tales of the grotesque and arabesque.

Em seguida Poe publicou na revista Graham’s Lady’s and Gentleman’s Magazine o conto “Os assassinatos da rua Morgue”, a primeira história de detetive da literatura mundial, que inspirou legiões de escritores. Nos anos seguintes, já reconhecido como grande escritor, Poe trabalhou em numerosas revistas na Filadélfia e em Nova York, nas quais publicou  contos e poemas. O mais famoso deles, O corvo, veio a público em 1845, com repercussão imediata.

A esposa de Poe morreu em 1847, e ele passou os dois últimos anos de sua vida mantendo relações platônicas com várias mulheres. Morreu em 1849 em Baltimore, de causas até hoje não confirmadas.

Ficha Técnica

Informação Adicional

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Dimensão (cm) 21,5 x 13 x 2,5
Peso (g) 410
Ano de Publicação 2023
Número de Páginas 312
Encadernação e Acabamento Capa dura laminada e ilustrações coloridas internas
ISBN 978-65-5461-022-3
Escritor(a) Edgar Allan Poe
Tradutor(a) José Marcos Mariani de Macedo
Ensaísta(s) Oscar Nestarez
Designer Cristina Gu
Ilustrador(a) Elisa Carareto
Idioma Original Inglês
tradutor ensaio

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