Descrição
-
“Uma sondagem da alma, uma subjetividade expandida e maluca, como se a mente volúvel e delirante não pudesse sair de um redemoinho.” Assim se refere o escritor Milton Hatoum a Memórias póstumas de Brás Cubas no posfácio escrito especialmente para a edição da obra-prima de Machado de Assis (1839-1908) preparada pela CARAMBAIA. Com essas palavras, Hatoum traduz o impacto desconcertante que o romance mantém desde que foi publicado, em 1881. A literatura brasileira nunca produzira nada semelhante, e com Memórias póstumas o autor passou de escritor acima da média a gênio – e maior nome da literatura brasileira – reconhecido em seu próprio tempo.
Em seu posfácio, Milton Hatoum revisita a inesgotável riqueza dessa obra que Machado publicou – de início em forma de folhetim na imprensa – com pouco mais de 40 anos de idade e que, vista em retrospecto, irradia influência por toda a história da literatura brasileira. Como é praticamente consensual entre os historiadores e críticos, em Memórias póstumas de Brás Cubas se encontra a pedra inaugural do romance realista no Brasil. Para alguns especialistas, seria também a primeira narrativa fantástica da literatura nacional. E não há como negar, além disso, os vestígios de romantismo da obra anterior de Machado e principalmente as antecipações do modernismo em sua estrutura fragmentária, ao mesmo tempo calculada e heterogênea, onde cabe até um capítulo feito apenas de nomes e sinais de pontuação. A ruptura da linearidade temporal é operada por um narrador irreverente que lança mão de todo tipo de recurso: citações, jogos de palavras, associações de ideias, diálogos consigo mesmo e diretamente com o leitor.
Essa estrutura dinâmica e impregnada de humor, escrita “com a pena da galhofa e a tinta da melancolia”, serve com perfeição a um implacável retrato da elite brasileira escravista do Segundo Império, da qual Brás Cubas é um genuíno representante em seus esforços para viver de renda, herança e um mandato na política e, ao fim da vida, concluir satisfeito que “não pagou o pão com o suor do rosto”. Em torno das aventuras do narrador arrogante e mordaz, que incluem casos amorosos fugazes e mais ou menos descompromissados, orbitam personagens de classe média baixa, figurões do Império, escravos cativos e alforriados e um mendigo filósofo, Quincas Borba, que nos apresenta um pastiche de ideias de seu tempo e serve a Machado para zombar ceticamente do cientificismo de sua época.
Escrito com rara concisão e ressonância universal, Memórias póstumas vem sendo, com atraso, incluído em listas internacionais das grandes obras literárias de todos os tempos. Para a ensaísta norte-americana Susan Sontag, é “um dos livros mais divertidamente não provincianos já escritos” e Machado é o “maior autor já produzido na América Latina”. O crítico Harold Bloom considera-o “o supremo artista literário negro”.
Sobre a coleção
A Coleção Acervo publica os títulos do catálogo da editora CARAMBAIA em novo formato. Todos os volumes da coleção têm projeto de design assinado pelo estúdio Bloco Gráfico e trazem o mesmo conteúdo da edição anterior, com a qualidade CARAMBAIA: obras literárias que continuarão relevantes por muito tempo, traduzidas diretamente do original e acompanhadas de ensaios assinados por especialistas. Os livros têm acabamento em brochura, formato 13x20 cm, e utilizam papéis especiais e certificados, como o escocês Pop Set Black 320 g/m2 na capa. Outro detalhe dos volumes são a inclusão de um fitilho bordado com o logo do Acervo.
Ficha Técnica
-
Informação Adicional
PDF primeiras páginas Clique aqui para visualizar Dimensão (cm) 13 x 20 x 2,2 Peso (g) 374 Ano de Publicação 2019 Número de Páginas 336 Encadernação e Acabamento Brochura com fitilho ISBN 978-85-69002-70-3 Escritor(a) Machado de Assis Tradutor(a) Ensaísta(s) Milton Hatoum Designer Bloco Gráfico Ilustrador(a) Idioma Original Português tradutor ensaio